Python foi a segunda língua que aprendi seriamente. A primeira foi visual basic (ainda no tempo do 5) mas dado que não segui nenhum curso ou tive qualquer professor, não ganhei hábitos de seguir convenções para dar nomes a funções, variáveis…

Eventualmente, com o python, percebi que tal era necessário. Dada a liberdade de criar variáveis do vazio, sem type, e os IDEs ranhosos que usava, eventualmente perdia o fio à meada e tentava chamar coisas que não existiam porque não acertava no nome que tinha usado na declaração.

Efectivamente não me lembrava que o queijosuico do início do script tinha sido pervertido eventualmente para queijo_suico.

camelCase era território desconhecido e assim se manteve até ter começado a mexer mais em javascript, angular, typescript. Nunca mais voltei para trás.

Entretanto apareceu a menina jeitosa da rua, Visual Studio Code. Mudou a minha vida, traí o sublime text, o VIM está a ganhar pó no Uganda, nunca mais tive pensamentos perversos com o pyScripter. No entanto o linting começa a chatear-me. Porquê? Porque a convenção do Python é o uso principal do snake_case!

Eu_tentei_muito_tempo_habituar-me_ao_snake_case. Mas não consigo. Há algo que treme em mim cada vez que vejo uma letra unida a outra por uma pequena plataforma. Lembra-me daqueles nomes cortados nos icons do ambiente de trabalho, infindáveis, partidos em qualquer parte porque o windows não sabe de si, dos austeros tempos do eMule, em que se fazia contas ao tráfego para sacar uma série e descobrir que afinal o avi era de pornografia polaca. Não é estético.

Outro problema é a perda de real estate de ecrã que ocorre com a snake_case. Num mundo em que se dá primazia a linhas curtas, dói ter que usar um caracter para diferenciar cara de car_a, em vez de carA. Depois existe a parvoíce de usar snake_case com PascalCase (usado nas classes de python). Não seria melhor manter tudo com o uso judicioso de maiúsculas?

Quem sou eu a falar destes assuntos? Gostos não se discutem (embora o meu seja melhor). Vou deixar o gato de vigia à porta, não vá o Guido van Rossum enfiar-me uma cobra pela garganta_abaixo.